
Na hierarquia da facção GDE, a Polícia identificou o núcleo dos teleguiados, uma espécie de 'camicases' dispostos a morrer pela facção ( Foto: Reinaldo Jorge )
Um artefato de alto poder destrutivo, cujo uso não é autorizado nem pelas polícias brasileiras, foi encontrado por patrulhas do Policiamento Geral Ostensivo (POG) das Aéreas Integradas de Segurança (AISs) 7 e 10, no bairro Aerolândia, dominado pela facção local Guardiões do Estado (GDE). De acordo com uma fonte do BPChoque, que participou da operação, a granada apreendida pela PM pertence ao Exército peruano, denominado Fuerzas Armadas del Peru.

No local, os militares apuraram que os homens deixaram a caminhonete no local e fugiram para a Travessa Milano. A PM foi até o endereço indicado, mas antes de chegar à residência, três homens saíram correndo do imóvel e conseguiram escapar. Em uma vistoria na casa, foram encontradas a granada, uma escopeta, munições e uma balaclava.
"Não se sabe ainda se as pessoas que fugiram eram as mesmas que tentaram assaltar, e acabaram baleando o sargento. Para estar em posse de uma granada, acreditamos que seja um representante expressivo da facção, na região", disse o oficial da PM à reportagem.

"Toda aquela área é dominada pela GDE. O 'Lagamar' e a 'Cidade de Deus' são do 'João Presinha' e a área em que a granada foi localizada é do 'Chico Chatinho', irmão dele", revelou.
Hierarquia
Com a prisão das maiores lideranças da GDE, o futuro da organização criminosa ainda é incerto. O suposto fundador da facção, Auricélio de Sousa Freitas, o 'Celim', detido quarta-feira (11), expôs a hierarquia, da qual faz parte. Um relatório do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) aponta a GDE como "um grupo minuciosamente organizado".
No último dia 11 de julho, o relatório apontou que a estrutura do grupo é dividida em cinco grupos: conselho geral, conselheiros locais, gerentes de boca, aviões do tráfico e teleguiados. Dentre os grupos, chama mais atenção os 'teleguiados' uma espécie de 'camicases', determinados a matar ou morrer pela facção. Eles compõem a base da estrutura hierárquica da facção, porém, cabe a eles a parte mais difícil: arriscar a vida.
A função foi definida pela Polícia no documento que dá conta da prisão de Auricélio Freitas como sendo a dos integrantes das "missões mais perigosas", os que estão dispostos a "matar ou morrer pelos seus chefes". A maior parte do grupo é formada por meninos, jovens, de periferia, que foram arregimentados para compor a facção local.
Também conforme o flagrante, o homem é um dos conselheiros locais da GDE, responsável pelo comando do tráfico de drogas na região do Barroso II, e adjacências, onde teria sido nascido e criado.
Acima dos teleguiados estão os 'aviões do tráfico', que pegam pequenas quantidades de drogas e revendem em troca de comissões por este serviço. No meio do 'organograma' vêm os gerentes de boca. Esses integrantes gerenciam recursos, recebem e revendem narcóticos.
Mais acima está o grupo de conselheiros locais, compostos pelos líderes do tráfico em territórios da Capital. O relatório evidencia que essa liderança chega a ir além de uma comunidade, podendo abranger um aglomerado de bairros vizinhos.
Cúpula
Por fim, segundo o documento, está o conselho geral: "composto pelos membros mais importantes do grupo, responsáveis pela demanda de grandes quantidades de drogas, resolução de conflitos, ordens e permissões para cometimento de crimes de maior repercussão". O documento não revela quantas pessoas, nem quem são, os integrantes da cúpula da organização.
Fonte: DN
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