Desde que o BRS-FOR foi implantado na via, os condutores de vans reclamam da queda de 40% em sua arrecadaçãoEngarrafamento, bate-boca, buzinas, motoristas estressados e passageiros do transporte público irritados. Esse foi o saldo do protesto realizado pelos operadores de transporte complementar metropolitano, no fim da tarde de ontem, na Avenida Bezerra de Menezes. Eles reivindicavam poder realizar embarque e desembarque em todos os pontos de parada da via e também poder voltar a trafegar no Centro da cidade.
Motoristas do transporte complementar metropolitano resolveram trafegar pela avenida com uma velocidade máxima de 20Km/h. O ato foi chamado de operação tartaruga e resultou em congestionamento FOTO: NATASHA MOTAO protesto teve início após as 16h, próximo ao cruzamento da Bezerra de Menezes com Rua Padre Ibiapina, no sentido Fortaleza/Caucaia. Cerca de dez topiques bloquearam as quatro faixas da avenida. Dessa forma, em pouco tempo, as paradas de ônibus estavam com um número grande de pessoas esperando, e o trânsito ficou complicado.
Em seguida, os agentes da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania de Fortaleza (AMC) chegaram ao local, com o auxílio de policiais militares do Ronda do Quarteirão. Os agentes tentaram multar os topiqueiros, porém muitos deles usaram sacos, panos, papéis e até o seu próprio corpo para cobrir as placas de todos os veículos do protesto.
MultasPara que não fossem multados, os motoristas resolveram trafegar pela avenida com uma velocidade máxima de 20Km/h. O ato foi chamado de operação tartaruga. Apesar dos desvios feitos pela AMC, o trânsito ficou lento.
O casal de namorados Wanderlei Bezerra e Luciana Silva não sabia como iria para casa devido aos protestos. "Tudo está um caos. Nem sei o que devo fazer", reclamou Bezerra. Luciana disse que ficou assustada com a total paralisação da Bezerra de Menezes e espera não ver isso novamente. "Nunca tinha visto isso. Muitos estão sendo prejudicados", comentou.
A dona de casa Maria Conceição acredita que bloquear toda a via foi uma falta de respeito. "Isso não está correto. Eles deveriam ir para a frente da Prefeitura e reclamar por lá", disse.
Já o bancário Emerson Nogueira apoiou a iniciativa dos topiqueiros, pois acredita que a implantação do Serviço Rápido de Ônibus de Fortaleza (BRS-FOR) prejudicou a todos. "Esse novo sistema mudou todas as paradas e quem utiliza carro quase não consegue dobrar à direita ou estacionar. É preciso que a Prefeitura reveja essas mudanças".
Segundo o presidente da cooperativa de transportes alternativos de Caucaia, Etelvino Albano de Araújo, desde que o BRS-FOR foi implantado, os operadores de transporte complementar metropolitano podem pegar passageiros apenas nos pontos de número três e também perderam a linha que trafegava pelo Centro da Capital. Com isso, houve queda de 40% na arrecadação.
Ele explicou que entre uma parada de número três e outra são cerca de 600 metros de distância, um percurso grande para os passageiros. Dessa forma, eles deixam de utilizar as vans. "O BRS-FOR é uma boa alternativa, mas queremos igualdade em relação aos outros transportes coletivos. Muitos passageiros tem reclamado sobre isso".
ReivindicaçõesO presidente acrescentou que já mostrou as suas reivindicações para a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) e chegaram a um acordo em relação às paradas, mas ele quer que seja feito um termo escrito confirmando isso. Em relação à utilização das linhas do Centro, ele frisou que não recebeu reposta.
Em nota, a assessoria de imprensa da Etufor informou que, na última terça-feira, representantes dos topiqueiros estiveram reunidos com a diretoria da Etufor e receberam autorização destinada a parar nos locais de embarque e desembarque em todos os pontos de parada.
Já a assessoria de imprensa do Departamento de Trânsito do Ceará (Detran-CE) informou que os operadores do sistema têm de respeitar as normas vigentes do município onde trafegam. Por isso, cabe à cidade aplicar a legislação.
THIAGO ROCHAREPÓRTER